A população no Brasil e no mundo está
envelhecendo.
O aumento da expectativa de vida no Brasil se
deve, entre outros fatores, ao progresso da ciência, às melhores condições
sociais e econômicas e, por que não dizer, ao rígido controle demográfico que
tem levado à diminuição da taxa de fecundidade nos últimos anos.
Com o aumento da população idosa no país, os
programas de assistência vêm se tornando cada vez mais frequentes na formulação
das políticas sociais. É possível observar que hoje a sociedade vem
demonstrando maior atenção para as questões do fenômeno da velhice e do
processo de envelhecimento.
O envelhecimento é um processo normal de
alterações relacionadas com o transcorrer do tempo que ocorrem durante toda a
vida. O ser humano começa a envelhecer no momento do parto.
Considerando a meia idade como núcleo do ciclo da
vida, é nesse momento que o adulto amadurecido compreende que, quando jovem era
heróico e impulsivo, sem experiência e cheio de vida. Agora ele continua cheio
de vida, porém mais prudente e sábio.
Na transição da meia idade para uma nova fase o
indivíduo se vê fazendo um balanço entre o contínuo jovem-velho. Após esta
análise pode-se obter uma sólida estrutura na qual basear o uso da energia,
imaginação e motivação positiva para uma mudança. Mas, a chegada da terceira
idade traz muitas dúvidas, medos e incertezas.
Para os cientistas, a terceira idade, começa aos
60 anos.
O conceito de terceira idade tem sido variável. Há
quem diga que existe a "boa idade". Isto é conceitual. A idade
mostrada no documento de identidade pode ultrapassar os 50 anos, mas a mente, o
espírito da pessoa é que mostram as quantas que ela anda. Aquela frase, cujo
autor desconhecemos, mas que diz: "há idosos aos 20 anos e há jovens aos 90",
mostra bem como é a realidade.
Entre os muitos modelos teóricos de
desenvolvimento humano que identificam pontos críticos importantes durante a
última metade do ciclo da vida, cabe ressaltar a psicologia analítica. C.G.
Jung afirmou que embora muitas pessoas atinjam a idade avançado com
necessidades não satisfeitas, é inevitável para tais pessoas olhar pra trás.
Segundo Jung, a segunda metade da vida é a oportunidade que as pessoas têm de
realizar uma exploração interior intensiva para poder encontrar um significado
e uma totalidade na vida que tornem possível a aceitação da morte.
Nesta viagem rumo ao espaço sagrado e ao encontro
com o seu verdadeiro “Eu” a Arteterapia assume um papel revelador, resgatando o
potencial criativo visando promover a psique saudável e estimulando a autonomia
e a transformação interna para a estruturação do ser.
No setting arteterapêutico, o cliente irá
trabalhar com materiais plásticos expressivos tais como: pincéis, cores,
papéis, argila, cola, recortes, desenhos, retalhos e outros, tendo como
finalidade a mais pura expressão do verdadeiro Self, não se preocupando com a
estética e sim com o conteúdo pessoal implícito em cada produção e explícito
como resultado final.
Sendo assim, a Arteterapia visa estimular a
criatividade através das diversas atividades artísticas, entendendo que estas
se apresentam como um instrumento facilitador e catalisador do processo de
resgate da qualidade de vida do homem na sua segunda metade da vida.
A Arteterapia não elimina as limitações inerentes
ao processo de envelhecimento, mas favorece o desenvolvimento da criatividade e
pode alterar a percepção do mundo, auxiliando o idoso no descobrimento de uma
postura mais positiva diante da vida e despertando a vontade de buscar a
felicidade pessoal. Neste sentido, o fazer artístico, como atividade humana que
se aproxima muito da conquista da imortalidade, pois Angela Phillippini firma
que “a obra de arte pode resistir ao tempo e ao esquecimento. Evidentemente,
não se trata de levar indivíduos a produzirem grandes obras de arte, mas de
despertar o compromisso com a vida, ajudando a superar o medo da morte, até
porque muito do que se perdeu, pode ser revivido na Arte. E a experiência
artística pode nos reconduzir re-enamoramento pela vida e por suas inúmeras
possibilidades”.
Por todas as ideias apresentadas, a Arte
constitui-se em um excelente recurso terapêutico para resgatar o potencial
criativo dos idosos, estimulando-os a superar suas limitações e preconceitos,
conscientizando-os que, na maioria das vezes, são impostos por eles mesmos. As
Artes-integrativas estimulam a memória e favorecem o resgate da autoestima,
possibilita a integração social dos idosos, favorecendo a autonomia das ações
destes com perspectivas da melhoria da qualidade de vida.
Referências:
GRINBERG, Luiz Paulo. Jung:
o homem criativo. São Paulo:FTD, 2003
PHILIPPINI, Angela. Reencontros e reencantos na terceira
idade. In: Arte Terapia: revista imagens
da transformação, n. 7, v. 7, nov. 2000.
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